Para analistas, presidente eleito tem negociado com bancadas e frentes parlamentares
Nesta quarta-feira (28), completa um mês do resultado das urnas no segundo turno das eleições. Nesse período, o presidente eleito Jair Bolsonaro já dá sinais de como será o seu governo. A rotina de encontros em Brasília, as reuniões no gabinete de transição e os anúncios de Bolsonaro pelo Twitter vão definindo o perfil do presidente nos próximos quatro anos.
Desde a vitória, Bolsonaro tem se mostrado imprevisível nas declarações e curto e direto ao responder às perguntas dos jornalistas. Também recuou várias vezes em relação a alguns anúncios e deu informações desencontradas sobre sua política econômica.
Em um mês, já foram anunciados dezesseis nomes para compor a montagem dos ministérios em seu governo. Durante a campanha, o candidato do PSL prometeu, reduzir de 29 para 15 os ministérios da Esplanada, mas já admitiu, ontem, que deve manter pelo menos 20 pastas.
Bolsonaro também havia anunciado a vontade de sair da ONU e do Acordo de Paris (de combate às mudanças climáticas) e descartado votar o projeto de Reforma da Previdência apresentado por Michel Temer no fim de 2016. Mas reviu todas as posições.
Apesar de idas e vindas nas decisões, Fábio Lobato, consultor de relações governamentais da Barral M Jorge Consultores Associados, avalia que nesse primeiro mês do governo de transição, Bolsonaro tem sido fiel ao que ele propôs na campanha presidencial que era evitar interferências políticas nas nomeações.
"O presidente eleito vem buscando se aproximar mais das bancadas e frentes parlamentares do que partidos. A gente consegue ver que tem uma presença marcante dos generais ocupando cargos altos e isso tem um perfil técnico, os generais já indicados tem familiaridade com os temas e tem um viés próprio do presidente que é ligado às Forças Armadas", disse Lobato.
Para o consultor, um dos grandes diferenciais do governo Bolsonaro apresentado nesse início de transição tem sido a aproximação com outros países visando ampliar o comércio brasileiro com o exterior. "Ele promete uma atuação diferente no Itamaraty em relação ao comércio externo, o novo chanceler Ernesto Araújo tem um viés ideológico diferente dos outros ministros e mostra uma ligação dele em querer estreitar os laços com os EUA e outros países".
Por outro lado, o analista político Alexandre Bandeira avalia que neste primeiro mês do governo de transição ainda não há uma clareza de como o presidente eleito irá agir a partir do próximo ano. Segundo Bandeira, Bolsonaro vem apresentando apenas um novo estilo de governar o Brasil.
"É um governo mais militarizado, mas isso não significa uma ditadura militar, é também legítimo e é um momento de transição. Ainda temos pouca noção do que ele irá priorizar de fato", disse.
Bandeira ressaltou que o diferencial do presidente em querer seguir uma escolha mais técnica dos nomes para os ministérios, ao invés de traçar um diálogo com os partidos políticos, poderá impactar na relação com o Congresso. "Isso pode gerar fragilidade porque os acordos no Congresso ocorrem por meio dos partidos, e a gente pode ter um possível conflito na gestão do governo quando isso vier acontecer", declarou.
O analista defende que ainda há apenas um "desenho" de como será o futuro governo. "Faltam cargos importantes a serem indicados, de fato será um governo mais enxuto mas ele não governa sozinho, e há uma perspectiva dele conversar em relação algum tipo de coalizão", analisou.
Economia
Sobre o rumo da economia, Fábio Lobato alegou que o economista Paulo Guedes, futuro ministro de Bolsonaro, tem demonstrado bastante entendimento sobre o assunto mas, explicou que o governo terá dificuldades em conter os gastos públicos, especialmente agora com a sanção do reajuste dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
"O aumento do STF tem um efeito cascata e impactará diretamente nas contas estaduais e municipais, pois os servidores que ganhavam o teto vão ter a possibilidade de ganhar mais. Esse é um problemão que o Bolsonaro e Paulo Guedes vão enfrentar em 2019".
Ontem, Bolsonaro anunciou mais um nome da futura equipe. Tarcísio Gomes de Freitas, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura Transporte (Dnit), comandará o Ministério da Infraestrutura, responsável pelo setor de transporte.
Fonte: Diário do Nordeste
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